A origem da doutrina Dispensacionalista e o pré-tribulacionismo
- Adilson Goubeti
- 15 de fev. de 2019
- 5 min de leitura
O dispensacionalismo é uma doutrina que afirma que a segunda vinda de Jesus Cristo se dará em duas fases, a primeira fase é conhecida como “o arrebatamento secreto” da Igreja e pode ocorrer a qualquer momento de forma iminente. Nessa ocasião, Cristo desce apenas para as proximidades da Terra para ressuscitar os santos adormecidos e para transformar e glorificar os crentes vivos. Ambos os grupos são então arrebatados, ou seja, levados de forma secreta, súbita e invisivelmente, para encontrar no ar o Senhor que desce. Esse corpo de crentes, chamado de “Igreja”, então subirá para o céu para celebrar com Cristo por sete anos as bodas do Cordeiro, enquanto os judeus e os gentios não-convertidos permanecerão sobre a Terra para sofrerem os sete anos finais de tribulação.
Ao final desse período de sete anos de grande tribulação, ocorre a segunda fase da Vinda de Cristo, que então vem em glória com os santos até a Terra para destruir Seus inimigos na Batalha do Armagedom, e para estabelecer o Seu trono em Jerusalém e iniciar seu reino milenial terrestre.
E JESUS DISSE ASSIM: “ERRAIS POR NÃO CONHECEREM AS ESCRITURAS”; ( Mateus 22:29)
Como se originou o Dispensacionalismo
Um jesuíta nascido em Santiago do Chile em 1731, chamado Manuel Lacunza previa a iminente volta de Jesus Cristo e pesquisava sinais na história que evidenciaria sua tese, ele escreveu o livro intitulado “A Vinda do Messias em Gloria e Majestade” e publicado na Espanha em 1811. Em 1819 Lacunza foi banido da Igreja Catolica Romana por considerar seu livro herege.
Em 1827 o um pregador escocês eloquente e popular chamado Edward Irving traduziu e publicou o livro proibido de Lacunza sob o título de “ A Vinda do Messias”. As ideias de Lacunza influenciou Irving no iminente retorno de Jesus Cristo. Os seguidores de Irving criou a Igreja Catolica Apostolica Carismatica e uma jovem escocesa de 15 anos chamada Margaret MacDonald ( 1815 – 1840) teve uma revelação em 1830 de que um grupo seleto de cristãos seria arrebatados para encontrar com Cristo no ares, antes dos dias do Anticristo. Edward Irving também pregou a doutrina de um retorno secreto de Cristo.
John Nelson Darbi (1800 – 1882) foi um pregador irlandês líder dos Irmãos de Plymoouth, tornou-se o pai do Dispensacionalismo moderno, ele ouviu sobre a visão da jovem Margarete Macdonald a respeito do arrebatamento secreto e fez algumas mudanças (ela ensinava num arrebatamento parcial, enquanto ele ensinava num arrebatamento total dos crentes) e incorporou sua teologia escatológica à doutrina do escapismo (conhecida em alusão ao fato da Igreja “escapar” da Grande Tribulação).
Darby visitou a América seis vezes para levar consigo suas ideias, por ser um pregador eloquente conseguiu com êxito grande aceitação no meio evangélico. Um erudito americano chamado Cyrus Irgerson Scofield (1843-1921) foi exposto aos ensinos de Darby que o considerava “o mais profundo erudito bíblico dos tempos modernos” e em 1909, Scofield publicou uma Bíblia com suas próprias notas de rodapé recheadas com o pré-tribulacionismo darbinista.
O famoso clássico da literatura dispensacionalista, entitulada “A Biblia de Scofield” é sem duvida a maior responsável pela disseminação da doutrina do escapismo nos Estados Unidos e consequentemente, nos países evangelizados por missionários americanos, entre eles o Brasil.
Nos versículos 43 e 44 de Mateus 24, Jesus relaciona a Sua volta à de um "ladrão na noite", termo que é abordado também por Paulo, Pedro e no Apocalipse:
"Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis".
Essa é uma das passagens mais usadas dentro do modelo pré-tribulacionista para sustentar a iminência atual do arrebatamento. Será que a volta de Jesus poderá nos surpreender, da mesma forma que a chegada abrupta e inesperada de um ladrão nos surpreenderia?
Lembremos que Jesus tinha dado aos discípulos uma série de sinais que antecederiam o rapto, que Ele próprio relacionou diretamente à sua volta em glória, vista por todos (Mateus 24:30-31). Jesus também lhes ensinou como deveriam esperar esses sinais e a partir de que momento a sua volta seria realmente iminente (Mateus 24:33).
Então, surge a pergunta: se Jesus forneceu aos discípulos uma série de sinais que antecederiam a sua gloriosa volta, disse aos discípulos a partir de que momento essa volta seria iminente (após o cumprimento de todos os sinais), então, quem são esses que serão surpreendidos pela volta do Senhor, da mesma forma que alguém é surpreendido pela chegada de um inesperado ladrão à noite? Para quem a volta de Jesus será como um ladrão na noite? O apóstolo Paulo responde para nós essas questões:
"Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como um ladrão na noite...Más vós irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão" ( I Tessalonicenses 5:2-4)
Jesus virá como um ladrão na noite para aqueles que não esperam a sua vinda! Os mesmos serão destruídos repentinamente, pois, mesmo em meio à grande tribulação, os homens em geral optarão por seguir os enganos satânicos, sendo ludibriados pela besta (II Tessalonicenses 2:9-10, Apocalipse 16:9).
Para o cristão, que deve estar atento para os sinais profetizados pelo Mestre, o arrebatamento não pode ser comparado à chegada abrupta de um ladrão à noite, até porque essa comparação não condiz com o relacionamento existente entre a Igreja e o seu noivo (Jesus). Cristo é o Senhor da Igreja e o arrebatamento será o encontro glorioso entre a Igreja e Jesus.
Jesus virá para arrebatar aquilo que é seu por propriedade eterna. Os verdadeiros servos do Altíssimo não estão "em trevas" para serem surpreendidos naquele grande dia.
Nós já fomos iluminados por Jesus a respeito de todos os sinais e sabemos a partir de que momento a sua chegada estará próxima, às portas: após o cumprimento cabal de todos os sinais profetizados pelo Mestre! (Mateus 24:33).
O conceito de "iminência" antes do cumprimento dos sinais não é novo. Paulo, em sua segunda carta aos tessalonicenses, escrita no ano 52 d.C., corrige esse grande erro e nos fornece mais detalhes sobre eventos que ocorrerão antes da volta de Jesus e a nossa reunião com Ele (arrebatamento):
"Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição" (II Tessalonicenses 2:1-3).
De acordo com o texto, dois fatos devem ocorrer antes da volta de Cristo e a nossa reunião com Ele (arrebatamento): a apostasia (desvio da verdadeira fé) e a manifestação do homem do pecado. Ambos sinais tinham sido profetizados anos antes por Jesus no Monte das Oliveiras na mesma ordem (Mateus 24:9-15).
Fica claro que Paulo estava citando em sua carta os mesmos sinais profetizados pelo Senhor 20 anos atrás, mostrando assim que todo ensino que defendesse a iminência da volta do Senhor antes da concretização desses sinais, deveria ser frontalmente rejeitado no seio da Igreja.
Portanto, a advertência de Paulo é no sentido de que vigiemos e sejamos sóbrios para que o Dia do Senhor não nos apanhe de surpresa. O Dia do Senhor virá como um ladrão para o mundo e para os religiosos que não estiverem preparados para sua volta. Mal 4:5 diz que este Dia será grande e terrível. Para a Igreja? Não, para o mundo. Do mesmo modo, o Dia do Senhor será uma surpresa para o mundo, mas não para a Igreja. O próprio Mestre nos ensina que o Dia do Senhor será como o dilúvio nos dias de Noé (Mat 24:37-39). O mundo no tempo de Noé foi pego de surpresa diante do dilúvio, mas Noé e sua família sabiam o que ia acontecer, e estavam preparados.
E PAULO DISSE ASSIM: “MARAVILHO-ME PELOS DE BEREIA QUE EXAMINAM CADA DIA NAS ESCRITURAS SE ESTAS COISAS SÃO ASSIM COMO ENSINO" (Atos 17:11)
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